terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Feliz você novo!

Para mim, ano novo não é vida nova!
Vida nova é atitude nova,
sonho novo, 
vontade nova
e tudo isso não tem nada a ver com o ano.

Você escolhe seu ano novo...
e ninguém discordará se você disser
que o seu é em 30 de agosto.
O ano é só um ano,
mas você é bem mais do que pensa!

Fogos de artifício não são batimentos cardíacos,
gente rindo ou falando alto
nem sempre é sinônimo de amizade.

O branco é só mais uma cor,
mas você é muito mais do que isso...
O que você é de verdade,
depois que os fogos se calam
é o que determina seu caminho.

E que seu caminho tenha flores:
violetas, azuis ou sem cor.
Que o ano não seja assim tão novo,
mas que você seja novo...
E que você brilhe!
E que o ano novo comemore
o renascimento daquele que hoje é um ser humano diferente.

Por: Miriã Pinheiro




terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Desato o laço do teu amor

Por que me encurralas-te
nos labirintos de teus lábios finos
que derramam mel sobre minha vida?

Por que escolhestes a mim
para enlaçar nestes teus braços
saciadores de desejos?

Pra quê essa beleza cigana?
Tira-me de perto de ti,
não posso mais absorver 
seu cheiro de madeira,
seu olhar de farol,
seu beijo sem maneira.

Não quero mais teu abraço,
nem o som da sua voz amada.
Não quero o nó do laço
do amor que me amarraste aos teus pés...

Oh! Não quero palavras, nem beijos,
nem olhares comoventes,
nem a brancura dos teus dentes.
Larga-me e deixa-me tentar desprender
desse teu amor de eterno querer.

Por: Miriã Pinheiro




Resenha: Noite na taverna e Macário

Informações técnicas:


Título: Noite na taverna e Macário
Autor: Álvares de Azevedo
Editora: Martin Claret
Páginas: 146



Acabo de terminar mais um livro: Noite na taverna e Macário.O livro é bem curtinho e dois dias foram o suficiente para terminar a leitura. Álvares de Azevedo é um dos meus escritores favoritos, mas para entender um pouco sobre suas obras, são necessárias algumas informações sobre sua vida e principalmente do movimento literário a que ele pertence: Romantismo. 

O Romantismo é um movimento literário, que assim como todos os outros, surgiu primeiro na Europa e chegou no Brasil no ano de 1836 com a obra ''Suspiros poéticos e saudades'' do escritor Gonçalves Magalhães. Esse movimento durou por volta de 45 anos e foi divido em 3 gerações: 
1ª Geração Nacionalista/Indianista
2ª Geração Ultrarromantica/mal-do-século ou byroniana
3ª Geração Engajada ou Condoreira.

Álvares de Azevedo está situado na segunda geração e foi o principal escritor deste período. Ele faleceu muito cedo, com apenas 20 anos de idade, devido uma queda de cavalo que causou complicações em sua saúde. O falecimento deste escritor se deu no ano de 1852 e todas as suas obras, cartas, discursos, poesias, teatro, só foram publicadas após a sua morte. Toda a sua obra foi escrita em apenas 4 anos. 
A segunda geração romântica era composta por escritores que tentavam reproduzir a conduta do poeta europeu Lord Byron aqui no Brasil, ou seja, alguns dos objetivos eram retratar a morte, levar uma vida boêmia e falecer precocemente. Em outra oportunidade, escreverei sobre Lord Byron, sua vida também foi muito interessante e foi um grande escritor romântico e é por causa dele que essa segunda geração leva o nome de mal-do-século (por causa desses escritores que queriam imitar a conduta do poeta europeu) ou byronismo (o nome é derivado do sobrenome do poeta em questão: Byron). Esta época era repleta de trevas, a morte era vista como uma musa desejada, havia muito amor não correspondido, mulheres ao mesmo tempo inalcançáveis e fáceis, brigas, excesso de bebida alcoólica, incesto (relação sexual entre familiares), satanismo e até necrofilia.  
A obra principal de Álvares de Azevedo é chamada de Lira dos vinte anos e se trata de uma obra poética, mas a que vamos falar hoje é escrita em prosa.
Ler essa obra me fez muito bem e tive ainda mais certeza do talento que possuía Álvares de Azevedo. A obra é muito bem escrita e elaborada e apesar da linguagem da época, é facilmente compreensível, acredito que seja por causa das emoções. O livro é tão bem narrado e organizado que as palavras parecem serem sempre as melhores combinações. O livro é repleto de epígrafes (coisa que eu adoro) e é bem típico de Álvares citar muitos nomes de autores, pintores, filósofos que foram intelectuais daquela época ou de outras mais antigas. Algumas frases contidas na obra me causaram grande impacto. A obra toda é escrita por sentimentos vivos, embora assombrosos, mas que não deixam de ser ligeiramente interessantes. 
Noite na taverna é a história de alguns amigos bêbados, que resolvem contar ''histórias'' assombrosas de suas vidas, que ninguém sabe dizer ao certo se estas são mesmo realidade ou mera ficção. As histórias são narradas em formas de contos curtos que levam o nome de quem vai narrá-las. O meu conto preferido foi o de Gennaro! Não há como resumi-los pelo fato de serem curtos, mas é uma obra que realmente vale a pena ser lida. 
E por último, mas não menos importante, o conto Macário conta a história de um jovem estudante que conhece pessoalmente o Diabo e mantém um diálogo com ele. O estilo é idêntico ao da obra anterior e é tão fácil de ler quanto. A obra lançada pela editora Martin Claret é excelente e possui uma clara explicação para todos os nomes citados que não são assim tão conhecidos para algumas pessoas e no final possui algumas perguntas de vestibular sobre as obras apresentadas.


Epígrafe página 25:
''But why should I for others groon
When none will sigh from me?''

(Childe Harold,I)

Tradução:

Mas por que eu deveria suspirar por outros
Quando ninguém suspira por mim?

Por: Miriã Pinheiro

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Resenha: A menina que roubava livros

Informações técnicas

Título: A menina que roubava livros
Autor: Markus Zusak
Editora: Intrínseca
Páginas: 382

Resumo do livro

Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, em 'A menina que roubava livros'. Desde o início da vida de Liesel na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido de sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona-de-casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, 'O manual do coveiro'. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro dos vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes. E foram esses livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto da sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar. Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal.


Foi com muito prazer que terminei hoje de ler ''A menina que roubava livros''. Esse livro é encantador e repleto de personagens envolventes, que nos conquistam do começo ao fim da história. Liesel Meminger é uma garota extraordinária, inundada por uma inocência infantil e tomada por um afeto que só as crianças são capazes de sentir. Adotada por Rosa (a mulher em formato de armário) e Hans (o homem dos olhos de prata, acordeonista, apaixonado por cigarros e pintor), Liesel passou a viver em Molching e é ali que a história se passa. O que é mais interessante é a narradora. A história é toda narrada pela própria morte, mostrando seu ponto de vista sobre os seres humanos e retratando a maneira como se sente em relação a eles e como é a sua ''forma de trabalho''. 
A leitura é um pouquinho longa, não é um livro que dá para ler em pouquíssimo tempo, mas devo dizer que a história é muito bem escrita e de fácil compreensão, o que torna a leitura ainda mais prazerosa. Algumas palavras alemãs, são sempre explicadas no decorrer do livro e sempre há pequenas frases que são usadas para explicar algo que foi dito, esclarecer alguma afirmação ou descrever uma personagem ou alguma situação de uma maneira menos descomplicada. Cada página é um prazer. Acredito que esse seja um livro que possa ser lido por qualquer pessoa, de qualquer faixa etária, pois a linguagem é acessível e o tema é interessante em todas as ocasiões, por possuir enorme importância histórica. 
É um livro que muitas pessoas já leram, mas eu acredito que o li no momento certo! O autor, realmente soube como escrevê-lo e elaborou perfeitamente suas personagens e a escolha da narradora, com certeza, foi algo inovador.
Recomendo, a leitura dessa crítica literária antes ou durante a leitura do livro, pois está muito bem escrita: http://www.overtice.com.br/critica-literaria-a-menina-que-roubava-livros-markus-zusak/

''Está aí uma coisa que nunca saberei nem compreenderei - do que os humanos são capazes.''

(A menina que roubava livros)
Por: Miriã Pinheiro
 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Poetinha do amor

Apaixonei-me por Vinicius quando ainda era criança e lia alguns de seus poemas no livro didático da escola. A paixão por Vinicius veio sem avisar: invadiu o meu peito e tomou conta dos meus sentimentos. Na verdade, lembro-me exatamente do dia em que o conheci. Era começo de fevereiro, o céu estava nublado e havia chovido muito pela manhã, o tempo daquele mês ainda trazia consigo um restinho da chuvarada do mês anterior. Era o típico dia que me atrai: clima europeu, ar limpo de chuva enchendo meus pulmões ainda meio infantis, o livro didático nas mãos e a Rosa de  Hiroxima passou pela primeira vez diante dos meus olhos. Pela idade, não entendia muito bem essa história de Hiroxima, mas uma coisa eu sempre soube: poema nem sempre se entende, poema se sente. E eu senti em minhas mãos de dedos brancos e compridos a rosa de Hiroxima, vi com meus próprios olhos as crianças mudas telepáticas e o amor por Vinicius explodiu em meu peito como uma bomba de guerra. Durante minha adolescência e até os dias de hoje, quando penso em Vinicius, já logo penso na delícia do Soneto de fidelidade e saboreio cada palavra e absorvo o mel e o cheiro de flores raras que exalam delas e torço para que esse prazer que só Vinicius proporciona não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure... e eu quero que dure para sempre, assim como Vinicius deveria ter durado para sempre! O amor aumentou e se instalou bravamente em meu ser quando conheci o Soneto de contrição e eu nunca consegui entender como poderia existir ou ter existido pessoas tão leves a ponto de conseguirem tocar nossa alma; nossa sensível, carente e incomparável alma e foi dessa maneira que eu cresci e sonhei em um dia poder tocar almas, assim como Vinicius tocou e toca a minha cada vez que o leio. Inundada em palavras doces, sempre adequadas, acabo querendo ser a garota de Ipanema e fazer da minha vida a aquarela feita por Vinicius e Toquinho. Amo infinitos poetas, mas um poetinha conseguiu tocar minha alma com seus sonetos de sensibilidade e seus versos sublimes desde a infância e eu nunca esquecerei do amor que ele me fez sentir. Ler Vinicius é amar!  

Por: Miriã Pinheiro


Soneto de Contrição

Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.

Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.

Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma…

E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

(Vinicius de Moraes)


Os 10 melhores poemas de Vinicius de Moraes

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Sem significado

Há na minha mente um dicionário sem significados.
Há uma escuridão de taverna dentro do meu peito.
Não sei se cresci ou sou criança,
mas sei que posso escolher quantos anos quero ter.

Por entre medos e alegrias
sigo como uma borboleta
que voa só pelo prazer de voar
sem almejar felicidades ou pesares.
Só voar já basta!
Só sentir já basta!

Não quero explicar minha vida,
traduzir minha alma,
nem buscar significado
para o dicionário incompleto da minha mente.

Seguir em frente é suficiente.
Bater as asas e não olhar para trás
faz mais o meu tipo do que tentar entender.
Voo como uma criança que brinca,
vivo como um pássaro que canta.
Existo como uma pena a flutuar na imensidão.

Por: Miriã Pinheiro

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Meu inocente coração



Naqueles dias em que a vida me dá um choque da realidade triste e lamentável da existência que temos como seres humanos, acabo sempre numa reflexão sobre a preciosidade da fase da infância. Começo imediatamente a sentir falta da época em que eu achava que a morte não existia na vida real, apenas em filmes, novelas e nos livros de romance que eu sempre gostei de ler. Frequentemente me lembro da reação que eu tinha quando escutava as notícias ruins do telejornal. Achava que tudo aquilo só existia em cidades grandes e que aqui no interior tudo seria sempre mil maravilhas e todos viveriam felizes e livres de perigo eternamente. Recordo-me do quanto gostava de fantasiar como seria minha adolescência e vida adulta. Eu imaginaria que cresceria e me transformaria em uma mulher linda, loira, independente, magra e feliz assim como a Barbie. Eu poderia jurar que um dia encontraria um príncipe encantado loiro de olhos azuis, rico, compreensivo e que me amaria eternamente. E eu teria dois filhos: um menino e uma menina, muito lindos, educados e obedientes. E eu seria cantora ou dançarina, já que estava muito bem adiantada nas minhas turnês pelo banheiro e quarto. E tudo sempre daria certo, nada daria errado e não haveria motivos para existir tristeza. A vida seria um eterno sorrir debaixo da chuva de janeiro, brincando de achar que a enxurrada era o maior oceano da face da Terra. O mundo seria para sempre rosa e meu príncipe seria uma estrela do rock.
Quando eu era pequena, achava que se eu me jogasse de um prédio seria impossível morrer. Achava que havia cura para todas as doenças e eu sempre poderia fazer qualquer coisa, nada seria inatingível, tudo poderia ser meu. Mas a vida, essa garota mal-educada, tira da gente nosso mais precioso sorriso ingênuo e troca pela malícia insaciável das pessoas grandes. Um dia, acordei e aprendi que todas as pessoas morrem, inclusive eu, um dia, morreria também. Entendi o quanto vivemos em uma condição limitada e absurdamente humana, a ponto de ser considerada ''desumana''. Notei que a maioria das notícias dos telejornais eram verídicas e que esses acontecimentos não gostavam muito de escolher um lugar para acontecer, mas sim preferiam acontecer em qualquer lugar que lhe dessem na telha. Tive que aceitar que o mundo nunca me pertenceria e eu nunca poderia conquistar tudo o que quisesse e seria impossível caminhar pelo arco-íris. Minha adolescência e vida adulta seria repleta de problemas, os quais somente eu teria que resolver. Minha vida não seria sempre mil maravilhas, meu príncipe encantado não seria perfeito e minha família não seria como a dos comerciais de margarina. Meu sorriso nem sempre seria sincero e a dor viria, vez ou outra, fazer uma visita neste simples coração alimentado de alegrias.

Por: Miriã Pinheiro






segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Atração

Minha boca pede
para docemente se encaixar na sua.
Meus olhos focalizam
o brilho negro desse seu olhar profundo.

Anseio em deixar vermelho
com meus apaixonados beijos
seu pescoço de pele branca,
que me embriaga somente com o frescor do cheiro.

Quero tocar forte suas mãos
e quero que elas passeiem em mim
em gestos misturados com carinho e paixão.
E me deixe enroscar em seus cabelos
os meus dedos apaixonados.

Essa atração me deixa louca,
querendo sugar com os lábios
sua linda boca.
Chegue mais para perto
e realize meu sonho de te ter por completo.

Por: Miriã Pinheiro




sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Poema do recado clichê

Não deixe que toque no seu cabelo
quem elogia outros por aí. 
Não compartilhe seus sonhos
com quem um dia esmagará os seus. 
Não use um anel com o nome 
de quem não sabe o significado de uma aliança. 
Não cheire o pescoço 
de quem não dá valor ao seu perfume.
Não exponha sua alma 
a quem só se importa com o corpo. 
Não fale de canções 
com quem só diz mentiras. 
Não divida o edredom 
com quem só divide desilusão. 
Não diga poesia
a quem só diz decepção. 
Não fale de flores
com quem só fala de dor. 
Não perca a hora 
com quem te faz perder tempo. 
Não perca o dia, 
com quem te faz perder o sono.
Não perca o sono
por quem não perde nada por você. 
Deixe que a ansiedade juvenil vá embora 
e se entregue a quem merece. 
Compartilhe vida 
só com quem merece participar da sua. 
O poema é em versos brancos, simples e clichê,
não há métrica ou estrofes...
No entanto, a mensagem foi dada:
só dê espaço ao que se merece viver!

Por: Miriã Pinheiro

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Manhã nublada

Manhã nublada,
ar estrangeiro.
Paris é aqui, 
quando o sol dá uma parada.

Manhã nublada,
preguiça que aconchega.
Dose de sossego,
clima de sonho.

A canção fica mais bela,
o coração fica mais leve,
a vida corre bem
e o cansaço, a gente releva.

Quando a manhã está nublada,
há um charme no universo,
há uma calma alegria em viver
sem precisar tentar entender.

Por: Miriã Pinheiro

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Vou vivendo

Vou vivendo como quem não tem certezas...
Minha alma pede paz,
meus olhos pedem belezas.

Cada lágrima é um diamante
que escorreu por minha face branca
de uma terna estudante.

Meu cansaço atormenta!
Quero aliviar a despensa do peito,
que a ansiedade alimenta.

Deixe que corram os minutos!
Só quero viver sonhos bonitos e eternos,
repletos de sorrisos absolutos. 

Por: Miriã Pinheiro

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Descrença

Ser humano
é desacreditar as vezes
que por detrás das cortinas de pano
deve haver alguma surpresa boa.

Hoje desacreditei!
As vezes desacredito
e não consigo acreditar
no que já foi escutado ou dito.

Desacreditei...
e isso foi inacreditável
para tão profunda descrença
que hoje matou a minha crença.

Quando creio, sou feliz.
Não crer, ainda é a pior infelicidade
de quem já conhece a verdade.

Por: Miriã Pinheiro

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Resenha: Madame Bovary

Informações técnicas
Título: Madame Bovary
Autor: Gustave Flaubert
Editora: Nova Alexandria
Páginas: 360


Estou muito feliz por ter terminado a leitura de ''Madame Bovary''. O tempo, estava um pouco curto por ser o último ano de faculdade, mais o trabalho, a família etc e o blog estava um pouquinho de lado. Porém, não estava esquecido. Já que eu escrevo textos, poemas e outras coisas quase toda noite em um caderno, mas nem sempre dá tempo de postar. Mas aos poucos, vou voltando a postar todos os dias. Ontem, mudei o visual da página, pois já estava um pouco enjoada e tinha percebido que em determinados formatos de tela de alguns computadores, aquele layout impedia que o blog fosse totalmente aberto. Por isso, resolvi mudar!
Hoje vou falar sobre minha experiência ao ler ''Madame Bovary''. Bom, esse livro é um clássico da literatura e foi considerado o marco do Realismo, já que passou a mostrar um lado que os românticos ousavam em esconder. Foi escrito por Gustave Flaubert e gerou centenas de escândalos no ano de sua publicação, 1857. É bastante antigo, mas como todo clássico, jamais envelhece. Clássicos podem ser lidos na época em que foram lançados ou 900 anos depois, que sua importância será sempre a mesma. O livro também é chamado e conhecido como ''romance dos romances'', ou seja, não é para qualquer um! A edição que li foi traduzida por Fúlvia Moretto, que é considerada a melhor tradução da Língua Portuguesa. Outro fato interessante é que o livro só ficou conhecido por causa dos escândalos que provocou na população da época, chegando a levar Gustave Flaubert para os tribunais. Mas, deixando as informações técnicas um pouco de lado, vamos ao resumo do livro.
A história conta a vida de Emma, uma mulher burguesa, sonhadora e leitora assídua de romances apaixonados. Moça bonita e altamente elegante, casa-se com Charles, um médico do interior, completamente apaixonado por ela, o que parece deixar a relação entendiante para Emma. Na visão da protagonista, Charles não lhe dá o que ela sempre sonhou, não a faz feliz, pelo contrário, apenas provoca-lhe tédio e cansaço, apesar de ser devotamente apaixonado. Nem após o nascimento de sua filha, Emma se sente capaz de amar esse homem a quem considera estar condenada por causa dos laços do casamento. Sentindo-se frustrada, Emma busca no adultério a satisfação de seus prazeres e fantasias, na busca de sua tão sonhada felicidade. Apesar de tentar, a protagonista nunca consegue se sentir satisfeita com sua vida e com o que possui. Vivendo, assim, uma vida de completa infelicidade, por tentar sentir amor por Charles, mas sentir-se incapaz de amá-lo. 
O final da história é bem interessante e realmente é um livro que prende o leitor, provocando curiosidade pelos próximos acontecimentos. No entanto, a leitura é um pouco longa. A versão que li possui 300 páginas, tirando a parte do fim que fala sobre o ''processo'' do qual o autor foi vítima. Acredito que seja um livro ideal para leitores maduros. Por que maduros? Essa obra foi escrita em uma época muito distante da nossa e é de origem francesa, portanto é óbvio que está repleta de termos difíceis e desconhecidos e isso para um leitor iniciante, pode provocar cansaço e um total desinteresse pela história. Por isso, é que eu recomendaria somente para os leitores mais maduros e persistentes. 

Curiosidade
Existe um desiquilíbrio psicológico chamado ''bovarismo'', que é quando a pessoa altera o sentido de sua realidade ou se considera outra pessoa. Geralmente, afeta pessoas que possuem uma realidade de vida frustrante. Esse termo está inserido nos dicionários de psicologia e surgiu por causa de um estudo baseado na obra de Flaubert. Esse desiquilíbrio, obviamente, carrega as características do comportamento de insatisfação da personagem principal da história: Emma Bovary. 

Boa leitura.

Por: Miriã Pinheiro

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Minha alma

Sempre imaginei que assim como as pessoas, as almas têm cor, estilo e aparência. Não consigo imaginar que a alma seja neutra, apática e igual para todos. Nós não podemos enxergá-las com os olhos mortais, mas eu sei que elas possuem aparência. A aparência de nossa alma está muito relacionada com o que somos, com nossos desejos e vontades. Imagino que elas sejam aquilo que queríamos ser de verdade. Imagino que elas sejam como nós somos de verdade. Elas, já que não são enxergadas por olhos comuns, podem ser da maneira que desejarem ser e ainda assim serem livres do preconceito humano. Algo me diz que minha alma é francesa ou portuguesa. Não sei explicar, mas me sinto em casa quando penso nesses dois lugares, vejo ou leio algo sobre eles. Talvez ela seja uma mistura dos dois e de outras coisas que eu ainda não tenha descoberto. Percebo que tenho alma antiga. Mas dessas bem ultrapassadas mesmo. Dessas que usam vestidos bufantes, são chamadas de senhorita e apreciam as coisas mais simples da face do universo. Minha alma é contraditória e quer ser várias coisas e estar em vários lugares ao mesmo tempo. Essa pobre senhorita desavisada não se contenta em ser comum. Quer conquistar o mundo!

Por: Miriã Pinheiro

domingo, 16 de novembro de 2014

O seu beijo

Nunca imaginei
que houvesse beijos
que pudessem tocar almas.

E quando você me beijou
soube que as almas 
também se beijam
em uma eterna noite de luar.

E eu te beijei...
E absorvi seu gosto...
E gravei seu rosto
naquele lindo mês
depois de agosto.

Desde então
em mim você existe.
E meu corpo apaixonado
recebe o comando desesperado
de seu doce amor
em mim inaugurado.

Por: Miriã Pinheiro



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manoel de Barros

Manoel de Barros
barreou o mundo afora
com palavras de barro
sabor chocolate.

Barreou a barra de muita gente
que se emociona com poesia.
Limpou a barra cheia de barro
de quem se incomodava com o barro da vida. 

Por: Miriã Pinheiro

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A chuva é a poesia

A chuva é a poesia da vida:
floresce os campos, 
fornece a água,
fomenta a alma.

A chuva é a poesia da terra:
promove plantios,
providencia limpezas,
parece grande riqueza.

A chuva é a poesia do coração:
refresca a emoção,
restaura a esperança,
reedifica a história.

A chuva é a poesia do universo:
a água que sacia,
a alma que implora,
a alegria que aflora.

Por: Miriã Pinheiro


Cecília Meireles, poema ''Retrato'' e releitura

E para comemorar o 103º aniversário de Cecília Meireles...


Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, 
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração 
que nem se mostra. 

Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
- Em que espelho ficou perdida 
a minha face?

Cecília Meireles

Releitura: Espelho

Esse espelho não reflete o rosto de ontem,
essa lágrima, até então, desconhecida,
esse olhar sombrio e interrogador 
que distorce meu semblante confuso.

Eu não tinha essa expressão secreta,
tão misteriosa, longínqua e dura;
eu não tinha esse medo 
de um dia me enxergar desse jeito.

Eu não percebi tal mudança,
tão abundante e enigmática:
- Afinal, de que mundo saiu 
esse espelho?

Por: Miriã Pinheiro

Dez versos para a minha vida

Na história da vida
sou quem segue em frente
sem mágoas, raivas
ou pesos de costas alheias
que pairam sobre mim durante a lida.

Respeito meu limite,
prezo minha paz.
Prefiro a muita experiência
para pouca idade
do que a dor sem necessidade.

Por: Miriã Pinheiro

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Gato abstrato

1, 2, 3 gritam gatos sem vozes,
algozes, afobados e ariscos. 
Querem viver e correr os riscos
de vencer com suas patas velozes.

Voem gatos do mundo!
Invadam o terror profundo
e o temor noturno.
E tentem, cansados, desafiar o outro,
que dormindo está para o seu espírito afronto.

Mostrem-se capazes e causem medo,
façam guerras e comandem o enredo.
Sejam ser, sejam humanos,
Seja eu, sejam urbanos!

Por: Miriã Pinheiro

Refletindo

Refletindo, reflito
que a reflexão
já está refletida
no espelho da alma.

Alma que reflete
no espelho da vida
reflete a reflexão
refletida no meu reflexo.

Meu reflexo refletido
reflete a reflexão
que foi refletida
quando refleti o refletido.

Por: Miriã Pinheiro


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Não faço sentido

Não faço sentido para todos,
não faço sentido para mim!
Alguns não entendem as palavras
que escrevo ou falo sem pôr um fim.

Sapateio no belo,
pois quero vê-lo real,
transformado, aloprado, desfigurado:
cubista.

Minhas palavras são cubos
que mostram os lados
da moeda, do mundo, da vida
e dos prédios acabados.

Não faço sentido,
mas faço sentir.
E isso, faço com doce alegria,
sem jamais precisar fingir.

Por: Miriã Pinheiro

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Viver da Poesia

Queria poder viver da poesia.
E com muito respeito,
que ela pagasse as contas da minha vida!

Mas desta bandida, não dá para viver!
De seus loucos e insanos amores
não dá para um mortal depender.

Mas eu amo essa ingrata!
E de sua beleza, não quero nada;
nem esmeraldas, nem de Kafka, a barata.

Só quero sua beleza,
repleta de singela leveza,
que eleva minha alma, na alegria e na tristeza.

Por: Miriã Pinheiro


Poetizando

Poetizo a poesia
Que outrora já foi poetizada
por Drummond, Pessoa e Bandeira.

Orgulho sinto
de poder poetizar a mesma poesia
que poetizou a mente de Vinícius.

Desejo que minha poesia
chegue ao chulé de Gregório
mostrando com classe, a dualidade do ser.

Que a poesia poetize
e que eu siga poetizando
a poesia que merece ser poetizada.

Eles poetizam.
Eu tento poetizar.
E o mundo que se poetize com a nossa poesia.

Por: Miriã Pinheiro

Tremor

Tenho dificuldade para imaginar meu futuro.
E as vezes tenho medo dele!
Tenho medo de planejar, planejar
e puft, dar com os burros na água.

Ou pior: dar com os burros na terra.
Já que estamos com falta de água!
E eu quero ser feliz, 
quero ficar tranquila,
quero viver em paz!

Não quero forçar uma paz que não existe,
quero esbanjar resquícios de gratidão,
afeto e amor, por onde quer que eu ande.
E que no rastro dos meus pés
fique a marca da felicidade!

Por: Miriã Pinheiro

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Quem roubou?

As vezes somos jovens. Sentimo-nos felizes, relaxados e sorrimos sem parar. Achamos que a vida é uma brincadeira sem fim. Levantamos dispostos pela manhã, cantamos as mais estranhas músicas, assistimos aos mais diversos gêneros de filmes e amamos intensamente tudo o que cai no nosso caminho. Nossa paixão é ardente e nosso amor é profundo. Mas, de repente, alguma coisa acontece. Acordamos em um belo dia e percebemos que falta algo. Alguém veio e puft, roubou nosso sorriso! Levou embora nosso olhar de simplicidade, nossa alegria insana e despreocupada e nos deixou a ver navios pela janela do quarto. Aquele sentimento de felicidade, antes tão comum, irreverente e automático, parece se transformar em algo dissimulado, desenfreado e desnecessário. Você acaba por se sentir idiota sendo feliz daquele jeito juvenil e incoerente.Você se sente uma carta fora de todos os baralhos do universo. E ficamos só nós. Nós e nosso peito furado, de onde arrancaram com toda força, o que nos levava para frente. Quem roubou? Não sei. Não tive tempo de perceber. Quando dei por mim, já estava aqui, sentindo-me adulta, rabugenta, desconfiada e cheia de compromissos. Assim que percebi que me faltava algo, já era tarde, já levaram tudo o que eu tinha dentro do peito. E essa enorme cratera vazia que habita o peito, não pode ser preenchida pelo dia-a-dia. Ela precisa de algo mais! 
Quem escreve, acaba acostumado à dramatizar. E eu, obviamente, não sou nenhum pouco diferente dos demais ''dramatizantes'' ou porque não ''dramaturgos'' da vida. Dramatizo a dor e acrescento-lhe poesia para ser uma ''dor enfeitada'' ou uma ''dor poética''. Sou perfeccionista. Acho que até as minhas mais insignificantes dores devem ter a obrigação de serem bonitas!
E o meu drama de agora é esse: voltar a possuir a inocente alegria juvenil que outrora habitava esse meu peito revestido de pele branca. Quero de volta o que é meu por direito e que deixei escapar por nem saber que possuía tão profunda beleza em meu ser. Se eu soubesse que era dona dessa beleza, não teria gritado sua existência aos quatro ventos. As vezes nós achamos que algumas coisas não são roubáveis. Doce engano! Tudo o que se pode possuir, também pode ser roubado!

Por: Miriã Pinheiro




quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Resenha: Ana Terra

Ana Terra é o nome de um livro de Érico Veríssimo, que compõe a coleção do autor chamada de ''O tempo e o vento'' que é formada por três obras e já foi minissérie da rede Globo. 
O livro conta a história de Ana, uma moça sofrida, que vive em um rancho muito distante da cidade com seus pais e dois irmãos. Aparentemente, a vida no campo não parecia ser muito interessante. Ana diz, em diversas partes do livro, que gostaria de ir à cidade, porém, seu pai nunca permitiu. O pai, de sobrenome Terra, tinha toda a autoridade dentro da casa e não tolerava jamais que alguma de suas ordens fosse desobedecida ou contrariada. 
A família vivia uma rotina monótona de trabalho todos os dias durante muitos anos, até que a chegada de um homem chamado Pedro Missioneiro, muda o quadro de rotina da família. Pedro é um índio que fala espanhol e por isso, possui certa dificuldade para se comunicar. Com o passar do tempo, acaba se mostrando prestativo nos serviços e com isso, ganha a confiança do ''chefe da família''. Para Pedro, é armada uma barraca no quintal da casa da família e é ali que ele passaria a viver. 
Ana, nunca havia tocado ou se apaixonado por nenhum homem, até porque vivia totalmente isolada deles. E com a chegada de Pedro, Ana se sente abalada e começa a sentir sensações, que em seus 30 anos de idade, nunca havia sentido. Chega a sentir nojo e ódio do índio, mas com o passar dos dias, acaba cedendo aos encantos do rapaz. 
Em um dia de calor, Ana se pôs a tomar banho no rio e Pedro se aproximou e os dois tiveram uma relação, deixando Ana grávida. 
Ana, desesperada, sabendo que não poderá esconder a barriga por muito tempo, decide contar a mãe, no entanto, o pai acaba escutando a conversa das duas e ficando à par da situação. Com isso, o pai e os irmãos de Ana, saem com Pedro, acompanhados de facões e foices. O livro não fala o que aconteceu ao índio, mas supõe-se sua morte. 
Com o passar dos anos, o filho de Ana, também chamado de Pedro, cresce, sendo tratado como um nada dentro de casa. 
Em uma discussão, o pai de Ana acaba matando sua mulher com tapas. 
Bom, não acho interessante contar a história toda do livro, embora ela não vá muito além disso. Na minha opinião, a história possui muito mais importância pelo seu lado histórico, já que narra situações da vida no interior da região sul do Brasil. Não é um livro com uma história alegre, muito pelo contrário. O final, é bem diferente daquilo que costumamos ler por aí e imaginar nas nossas cabeças já acostumadas com coisas que terminam bem. 

Por: Miriã Pinheiro



Resenha: A cidade do sol

Há alguns dias, eu publiquei uma postagem divulgando a resenha que eu havia feito para o site editoras.com sobre o livro ''A cidade do sol''. Pois bem, quando fiz essa resenha, eu ainda não havia terminado de ler o livro, por estar vivendo uma tremenda correria e ter coisas do serviço e da faculdade pendentes. Portanto, a resenha que eu havia feito foi bem imparcial, já que eu não havia terminado de ler o livro inteiro para poder ir mais fundo. Agora, terminei a leitura do livro e como uma boa leitora satisfeita, sinto-me no dever de resenhar novamente esse livro, só que dessa vez, poderei ser mais parcial. Aliás, a partir de hoje, todos os livros que eu ler ou tiver lido recentemente, dar-me-ei o trabalho de resenhar no blog. Farei isso, porque acredito que um blog possui grande influência sobre os leitores e muita gente só lê algum livro depois de ter lido várias resenhas sobre o mesmo em diversos lugares. Eu mesma, sempre que vou ler algo, procuro antes ler uma resenha. E adivinha em qual lugar eu procuro? Sim, nos blogs literários! 
Porém, gosto de ressaltar que não tenho o costume de ler os lançamentos do momento. Gosto de ler o que me desperta interesse e não precisa ser ''o que está na moda''.


Titulo: A Cidade do Sol
Autor: Khaled Hosseine
Editora: Nova Fronteira
Sinopse: Mariam tem 33 anos. Sua mãe morreu quando ela tinha 15 anos e Jalil, o homem que deveria ser seu pai, a deu em casamento a Rashid, um sapateiro de 45 anos. Ela sempre soube que seu destino era servir seu marido e dar-lhe muitos filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Laila tem 14 anos. É filha de um professor que sempre lhe diz: "Você pode ser tudo o que quiser." Ela vai à escola todos os dias, é considerada uma das melhores alunas do colégio e sempre soube que seu destino era muito maior do que casar e ter filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Confrontadas pela história, o que parecia impossível acontece: Mariam e Laila se encontram, absolutamente sós. E a partir desse momento, embora a história continue a decidir os destinos, uma outra história começa a ser contada, aquela que ensina que todos nós fazemos parte do "todo humano", somos iguais na diferença, com nossos pensamentos, sentimentos e mistérios.

Bom, assim que concluí a leitura desse livro, logo me imaginei pegando um táxi e saindo a procura de Khaled Hosseine, para dar-lhe um abraço e dizer o quanto essa leitura me fez bem, acrescentou-me e emocionou-me. Além disso, também gostaria de intimidá-lo para que lance outro livro como esse, pois algo desse patamar, merece ser espalhado mais vezes pelo mundo.
Não gosto de entrar em detalhes quanto ao enredo do livro, porque acho que uma leitura feita com surpresa é bem mais emocionante. Eu, quando iniciei a leitura, não esperava por tantas surpresas e não conseguia imaginar um meio das duas personagens principais terem seus destinos cruzados. Sim, elas moravam na mesma rua. Mas havia uma grande diferença de idade entre as duas e pareciam ser totalmente opostas. Mas algo surpreendente aconteceu! 
Imagino que livros como esses servem para nos fazer refletir como seres humanos e valorizar ainda mais as conquistas femininas e principalmente a mordomia feminina que existe no Brasil. Em países como o Afeganistão, onde se passa a história, a mulher é tratada como um lixo humano. Sua única função na Terra é cuidar do marido e dos filhos e submeter-se a eles até o fim de seus dias. Porém, o livro conta muita coisa sobre a guerra que aconteceu no país, e as coisas não estavam nada bem para ambos os sexos. 
As duas personagens principais são Mariam e Laila. São mulheres fortes, lutadoras, corajosas, esperançosas e valentes. Mostram na garra o que é ser mulher no Afeganistão. Além do mais, as personalidades das duas são extremamente envolventes e emocionantes. Rashid, que ao meu ponto de vista é o grande antagonista da história, é literalmente cruel e até imprevisível. Tariq, um dos personagens, também é digno de muita atenção. 
A história é mais ou menos dividida em 3 partes: a primeira é a que conta a história de Mariam, uma filha bastarda, humilde e reclusa. A segunda é que nos leva até Laila e a terceira é quando o destino das duas se cruzam. 
O autor, em cada momento, faz-nos sentir na pele todas as situações vividas pelas mulheres, provocando nossa emoção, revolta e participação na história. Eu me envolvi tanto com o enredo, que não gostaria de ter terminado a leitura. Aos meus olhos, sentia-me vivendo junto com as duas mulheres, sentindo suas dores e as vezes, suas raras alegrias. 
Ao falar desse livro, tenho a sensação de que não consigo descrever o impacto que ele me causou e todas as emoções proporcionadas. Portanto, deixo apenas minha dica: leiam!

Por: Miriã Pinheiro