segunda-feira, 30 de junho de 2014

Sonho e sono

Carrego em mim o sonho e o sono.
Sonhar não custa nada,
dormir descansa e é um bom remédio,
que faz da canseira, a nossa aliada.

Por hora é bom desligar a máquina da mente
e ligar a máquina dos sonhos.
Fazer todo o nosso ser repousar
dos problemas mais críticos e enfadonhos.

Maquinar soluções.
Despistar ilusões.
E, sobretudo, acalmar nossos corações.

Sonhar para planejar.
Dormir para descansar.
Despertar somente para amar.

Por: Miriã Pinheiro

Transformação

Há em mim uma necessidade incansável de respirar novos ares,
mudar o trajeto, derrubar a ficha,
correr e voar livre pelos campos da imaginação,
sobrevoar o medo e navegar outros mares.

Vidas repetitivas enjoam.
Falar o mesmo assunto esgota.
Coisas novas querem bater a porta.
Pensamentos recentes sempre arrojam.

Inverter a rota, abrir trilhas,
implantar portas em paredes duras.
Pular com coragem as janelas da decepção.
Sapatear em espinhos e soltar bravas matilhas.

Mudar e lapidar até a vida ser adequada.
Voar até respirar o ar puro.
Correr até os pés criarem a devida rapidez.
Cantar sempre com emoção para a canção não soar magoada.

Por: Miriã Pinheiro

domingo, 29 de junho de 2014

Dias de confusão



Vontade de correr, correr e correr,
até, quem sabe, chegar a algum lugar.
Lugar que possa me acolher.
Quero ouvir palavras, sem me entristecer

Tem dias que a vida nos machuca.
Faz-nos engolir a seco aquilo que dói.
Há coisas que simplesmente não digerem.
Sempre tem algo que corrói.

A vida nem sempre é macia.
Viver nem sempre é uma aventura.
Há dias repletos de desespero.
Dias em que não são ouvidos os apelos.

Nem sempre as coisas estão do nosso agrado.
O desejo da mudança nos consome até os ossos.
Fazendo com que depois da louca confusão,
só sobre nossos pequenos destroços. 

Por: Miriã Pinheiro

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Para ele

Tem nos olhos os meus mais fiéis transmissores de carinho.
Mãos, sempre quentes, repletas de carícias excelentes.
Coração que acolhe, seu abraço é meu ninho.

Proteção que provoca feminilidade.
Desejos sutis de um só remetente, que deliram em minha mente.
Beijos doces e sempre esperados, que em tudo, melhoram minha realidade.

Seja sempre meu, Diamante Precioso.
Que em teu colo gentil e fino, eu conheça meu destino.
Que eu siga sempre te amando com meu coração amoroso.

Em seus braços fui capaz de amar.
Suas palavras sinceras de azul anil e seu sorriso meio infantil,
sempre foram testemunhas do amor que fizestes respirar.

Quero caminhar para sempre ao teu lado.
Juntos sem temer, eu sei, que poderemos crescer.
Você é o meu pedido mais bonito, que dos céus foi enviado.

Por: Miriã Pinheiro

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Insatisfação

Insatisfação: eterna perseguidora do coração e da alma humana. É ela que me faz acordar todos os dias querendo ter uma vida diferente. Lembrando, que ''querer uma vida diferente'', não significa que se é infeliz, perfeccionista ou praticante ativo da arte de reclamar, mas sim uma demonstração da vontade que habita em  nós de crescer na vida. 
Por diversos momentos, me pego tentando descobrir qual será o dia em que vou acordar e perceber que minha vida está da maneira que eu gostaria que ela estivesse. O dia em que vou poder tomar meu café da manhã sem ficar matutando no que possivelmente me falta para, enfim, me sentir completa.
Queria também, poder saber, se verdadeiramente existem pessoas satisfeitas nesse mundo ou se apenas aprenderam a disfarçar suas insatisfações, o que me torna uma reclamadora de primeira classe. Queria conhecer mais a fundo a alma de quem aparentemente está sempre tranquilo. Seria mesmo possível alguém viver em uma constante tranquilidade ou isso seria somente uma mera impressão de minha mesquinha mente humana que insiste em acreditar que os outros possuem uma vida melhor do que a minha?
Insatisfação, essa musa vestida de roxo que ou nos faz levantar da poltrona da sala e sair em busca daquilo que almejamos ou nos perturba deliberadamente brincando de roda nas imaginações mais concretas e realistas. Musa constante, firme e mal humorada.
Quem dera, um dia, expulsar essa petulante do meu caminho e eleger a paz como a guia principal dos meus míseros anseios. Paz que nos faz acreditar, procurar e esperar, brigar mas também saber a hora de aceitar. Paz que conhece o dia, a hora, o lugar e a necessidade. Paz que neutraliza os resíduos negros de onde vamos caminhar.
Por: Miriã Pinheiro

Ventos

Que o vento sopre e traga alegrias.
Que o vento sopre e traga, quem sabe, mordomia.
Que sopre o vento e leve embora
a tristeza do hoje e do agora.

Que o vento sopre e traga desejos.
Que o vento sopre desde as metrópoles até os vilarejos.
Que sopre o vento e leve embora
as lágrimas de quem hoje chora.

Acima de tudo, que fiquemos silenciados
para escutar com o coração
o soprar dos ventos da emoção.

Não fiquemos embaraçados!
O vento está a nosso favor.
O mesmo vento que levou a dor e trouxe o amor.

Esse vento frio e as vezes quente,
áspero e de vez em quando macio.
Vento que esvoaça nossos cabelos
e nos braços, provoca arrepio.

Por: Miriã Pinheiro

terça-feira, 24 de junho de 2014

Sofrimento

Ouço uma música, ela sempre me eleva.
Há momentos em que não consigo saber
o que esperar dessa vida cansativa e amedrontada.
Há momentos em que não sei o quê e como fazer.

Dias que amanhecem nublados dentro do coração.
Dias que as vezes nem amanhecem.
Pergunto aos pássaros, aos céus e a vida,
se algum deles, o meu sofrimento conhecem.

Sofrimento, em algumas horas, desnecessário.
Sofrimento, que talvez eu pudesse evitar.
Sofrimento incapaz de acrescentar sabedoria.
Sofrimento, do qual, nem vale a pena pensar.

O ser humano e sua eterna necessidade de sofrer.
Ele, que busca sofrimento até na alegria.
Nós, que enxergamos o medo naquilo que é ameno.
Eu, que quero mandar a dor para longe de minha autoria.

Por: Miriã Pinheiro

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Refazer

 Por diversas vezes, sinto-me cansada por carregar tantos sentimentos dentro do peito. A desconfiança tem sido minha companheira. Acho que as pessoas são muito injustas umas com as outras e eu não me vejo mais capaz de acreditar nelas, pelo menos por enquanto. Eu gosto de colocar minha confiança em um pedestal e acreditar que ela é o tesouro mais precioso do mundo, até porque se eu não acreditar nisso, tenho certeza de que ninguém dará a mínima importância. Quando entrego esse tesouro nas mãos de alguém, não lhe dou o direito de quebrá-lo ou vende-lo. Dou muita importância para as coisas que cultivo em meu coração. 
Uma vez machucada, nunca mais serei a mesma. Posso até, quem sabe, ficar um pouco parecida ao que era antes, mas nunca voltarei a ser igual. Serei invadida pela insegurança, pelo medo e pela sensação de desconfiança. A questão é: eu quero ser tratada como uma pedra preciosa e ponto final. Mereço respeito, fidelidade, atenção e mereço ''poder confiar'' em todos aqueles que desejam, a fundo, fazer parte da minha vida.
Não quero mais carregar o peso da desconfiança nas minhas costas, nem o desgosto na minha mente. Quero que tudo volte a ser puro, intacto e inocente. Tenho pedido isso a Deus todos os dias, mesmo que em pensamento: quero voltar a acreditar e quero seguir em frente acreditando em mim e naqueles que ousaram me despertar amor. Quero tranquilidade, paz, desejos saciados e uma eterna confiança naquilo que eu não posso ver. Preciso de uma medida transbordante de alegria, paixão, carinho e segurança. Preciso, mais do que tudo, ser feliz.
Por: Miriã Pinheiro

Um dia de férias

Acordei as oito e meia, depois de sonhar que era um gorila que estava correndo loucamente em uma quadra de esportes. Olhei para o meu celular e vi que tinha uma mensagem da minha mãe perguntando se eu já havia acordado. Não respondi. Puxei mais as cobertas até cobrirem meu rosto e dei mais um cochilo de meia hora. Acordei novamente com a voz estridente da minha avó conversando empolgadamente no telefone com a fisioterapeuta, tentando agendar um dia e um horário. Hoje é segunda feira e já faz quatro anos, que todos os domingos, eu durmo na casa da minha avó. A voz falava agitadamente na porta do meu quarto e um pouco incomodada com a situação, decidi que estava na hora de levantar da cama.
Espreguicei-me lentamente, morrendo de preguiça de tirar a coberta e por os pés no chão gelado. Sentei-me na cama, estiquei a coluna até ouvir o estralo dos ossos, como tenho costume de fazer antes de me levantar. Coloquei os pés no chão e comecei a dobrar os cobertores e a arrumar a cama. Vesti minha blusa de frio, fui ao banheiro, lavei o rosto com a água gelada do mês de Junho, coloquei as sacolas que me esperavam no portão na lixeira da rua, despedi de minha avó e subi o quarteirão em direção a minha casa.
Chegando ao fim do meu trajeto, dei logo de cara com dois pedreiros que estão trabalhando em minha casa. Cumprimentei-os e recebi de volta um ''bom dia'' não muito entusiasmado. Perguntei-lhes se o material estava certo e se havia chegado todas as encomendas, responderam positivamente. Entrei em casa, acariciei minha cachorra, sentei no sofá, peguei o celular e comecei a responder a mensagem da minha mãe. Depois fui para a cozinha, pois estava faminta. Tomei um copo de leite com achocolatado e comi um pedaço de queijo, aliás, existe coisa mais gostosa do que um queijo branco de manhã? Terminei meu café da manhã e fui para minha cama com a intenção de ligar o notebook e ver meus e-mails e o Facebook. E cá estou eu.
Bom, um dia de férias, por mais monótono, tranquilo e frio que ele seja, sempre será um bom dia. Um dia sem ouvir o telefone tocar loucamente na busca incansável de uma professora, um dia sem ter que escutar aquela barulheira da criançada, um dia sem ter que carregar dez livros no braço, um dia para poder almoçar sem pressa de terminar, um dia sem tomar banho correndo e sair de casa com o cabelo pingando água ou até mesmo sem pentear o cabelo (misericórdia, Senhor!), um dia para viver tranquilo. E que seja um bom dia!
Por: Miriã Pinheiro


quinta-feira, 19 de junho de 2014

O meu lugar

Um lugar para sentar e pensar.
Um lugar para refletir e remendar.
Eu preciso de um lugar!

Com árvores ou até mesmo sem.
Solitário ou na presença de alguém.
Em São Paulo ou até mesmo em Belém.

Todos precisam de um lugar, um tempo,
um momento dedicado ao cansaço,
um momento para observar o vento.

Quero um lugar que acolha meu anseio,
remova minhas marcas
e me cole ao meio.

Não quero horas marcadas e vidas apressadas.
Não quero atrasos, correrias, tropeços.
Cansei de tentar lutar quando as mãos estão atadas.

Um dia, sem esperar, eu sei que vou encontrar.
Quando a vida parecer um tanto amarga,
Ei de descansar, no ''meu lugar''.

Por: Miriã Pinheiro





quarta-feira, 18 de junho de 2014

A chegada do que se espera

Sonho, esperança, desejo.
Vontade de abrir as asas e sobrevoar a realidade.
Juventude pulsando, pulsando, pulsando.
Anseio eletrizante de crescer e se tornar verdade.

Abrir caminhos, desenvolver rotas, cavar tuneis,
acender luzes, iluminar bosques e atrair olhares.
Subir, enfim, a sala da liberdade,
exalar muitos amores e respirar novos ares.

Romper os limites do senhor Medo,
destruir os planos da incompetência,
refletir perante os enganos, 
sem desprezar nossa mera existência.

Esperança que brilha desde as pontas dos dedos.
Há soluções correndo nas veias da nossa idade.
Que sopre com força os ventos contrários,
pois até eles soprarão felicidade.

Por: Miriã Pinheiro

terça-feira, 17 de junho de 2014

Perda de identidade

É triste saber que estamos vivendo a era da babaquice. A tecnologia foi muito bem aperfeiçoada para que   hoje pudéssemos ter toda essa facilidade. No entanto, a babaquice tem predominado no ser humano, deixando-o cego diante de tantos recursos. Mas, dentre tantas perdas que temos vivenciado, a maior delas é a perda de identidade. Sim, a tecnologia exagerada e as redes sociais tem tirado o pouco que restava da identidade da raça humana. Porém, é desnecessário jogar a culpa no Facebook, no Twitter, no Youtube e até mesmo nas estrelas. A culpa é nossa. A culpa é de quem não sabe fazer o uso correto daquilo que está disponível. Tudo está aí para que nós utilizemos, no entanto, é necessário saber como, quando e com quem usar nossos recursos.
A perda da identidade começou quando todos pararam de ser o que eram para começarem a ser o que todos estavam sendo. O exemplo mais fiel disso é a ''falsa felicidade'' que povoa o Facebook. Todo mundo finge ser feliz vinte e quatro horas por dia. Eu não sou feliz vinte e quatro horas por dia. Nem todo dia eu tenho vontade de pegar meu celular e tirar um ''selfie'' (nome ridículo e estrangeiro, como quase tudo que gostamos de aderir) com a boca escancarada cheia de dentes. As pessoas estão fingindo possuir algo que não possuem. Nós todos sabemos que a vida não é fácil, bom, pelo menos para mim ela nunca foi. Sabemos que não é sempre que temos dinheiro para viajar para qualquer lugar do mundo ou simplesmente ir para a praia. Pessoas fingem ter o dinheiro que não tem. Todos parecem viver em um eterno final de semana ou em uma férias de doze meses, regada a praia, clube sol escaldante. 
Não bastando essa '''falsa felicidade'', ainda há aqueles que fingem terem relacionamentos amorosos perfeitos, sem discussões e desentendimentos, onde tudo é um mar de rosas. Dizem ''eu te amo, mãe'' a todo momento no Facebook, mas se esquecem de dizê-lo pessoalmente. Fingem adorar a família inteira e amar os animais, quando a realidade é totalmente oposta. 
Eu, particularmente, adoro fotos e também uso as redes sociais, porém, acredito que o exagero tem tomado conta da população internauta. Não podemos nos esquecer que somos gente de verdade, com momentos de tristeza e mal humor, momentos sem dinheiro para comprar um bala, família imperfeita e relacionamentos complicados. Não há nada demais em ser normal. Tudo isso são fatores que compõem a nossa identidade. Cada um é o que é porque possui uma vida diferente da do outro. Tirar fotos é gostoso, férias e finais de semana também, mas fingir estar nisso todo dia é desagradável e forçado. Há momentos que pedem uma foto, outros nem tanto e outros de jeito maneira. Tirar foto de cada comida diferente que vai comer também transmite uma imagem péssima e miserável. Mas fazer isso de vez em quando não é o fim do mundo.
Temos que dar um jeito de não deixar que a babaquice nos domine. Somos seres humanos comuns, trabalhamos, suamos, fedemos e voltamos um trapo para a casa no final do dia. Não estamos com vontade de sorrir e tirar fotos o tempo todo, não temos a melhor família e o melhor relacionamento do mundo, da mesma forma que não temos dinheiro para viajar todo final de semana e há férias em que não temos condições de sair do estado. A vida é composta de devaneios, camuflá-los seria perder nossa identidade e o que temos de próprio e único.
Da mesma maneira, há quem não goste de ler ou assistir ''A culpa é das estrelas'' ou simplesmente não possa ou não goste de chocolate ou de cerveja e amigos falsos e oportunistas. Qual é o problema disso? Cada um que pague seus impostos, suas contas em dia e leve sua vida da maneira que considerar mais adequada. A identidade ainda deve ser o maior tesouro de um homem.
Por: Miriã Pinheiro

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Conto de terror: O susto de Marcelo

        Já era madrugada e Marcelo não conseguia pegar no sono. Rolava e rolava em sua cama de solteiro, como se a mesma estivesse cheia de espinhos ou alguma espécie de inseto que lhe picasse a carne. Era a segunda noite de sua família na nova casa. Na noite passada havia sido a mesma coisa: não pregara os olhos. Era incapaz de compreender o motivo, já que se sentia muito cansado e tinha trabalhado muito para alguém que estava sem sono. A noite anterior foi suficiente para deixar-lhe com olheiras. Essa noite, pelo que tudo indicava, não seria diferente. Cansado de se revirar, Marcelo levantou, acendeu a luz e meio aos tombos de cansaço, arrastou uma caixa cheia de livros de todos os gêneros, os quais pensou em arrumar um lugar na estante assim que amanhecesse. Marcelo era amante de livros. Revirou a caixa e logo veio a sua mão ''Noite na taverna'' de Álvares de Azevedo. Havia ganhado aquele livro de um colega mas ainda tinha lido. Resolveu, então, iniciar a leitura. Acostumado a ler histórias de vampiros, do Drácula e terror de todos os tipos, percebeu que ''Noite na taverna'' seria tão assustador quanto!
      Enquanto estava concentrado em sua leitura, Marcelo percebeu um barulho que parecia vir da sala. Pensou que alguém teria acordado para tomar água ou algo assim. Continuou, tentando retomar a concentração, quando de repente, ouve outro barulho, parecido com passos fortes de soldados. Impressionado, Marcelo interrompe a leitura, fecha o livro e fica atento, olhos arregalados para o nada. O que seria aquele barulho e será que ele realmente estava vindo da sala? Logo pensou em seu irmão caçula, dado a fazer ''pegadinhas'' com todos os que viam em sua frente. 
     O barulho pareceu cessar, no entanto, o medo ainda mantinha seu lugar. Marcelo achou melhor desistir de ler ou fazer qualquer outra coisa e tentar dormir, já que estava precisando muito e deveria se esforçar para conseguir descansar pelo menos por algumas horas. Apagou a luz e voltou para a cama. Já deitado, levantou a ponta da cortina ao lado de si para ver como andava a iluminação da noite naquele lugar deserto. Era pouca! Sentado na cama, ficou olhando ao longe, tentando captar todos os detalhes da nova moradia. Concluiu que não tinha vizinhos, pois a casa mais próxima ficava a uns três quarteirões dali, no entanto, o lugar ainda era considerado uma zona urbana, só que parecia estar literalmente abandonado e a margem do mundo. Marcelo se sentia no meio do nada! Observando o lugar, Marcelo notou a presença de pontos brancos e salientes no chão, vindo desde muito longe e chegando até embaixo de sua alta janela de segundo andar. Notou também que alguns pontos brancos pareciam ter formato quadrado e alguns tinham uma cruz desenhada ou ao lado. Imaginou ser um cemitério abandonado. Começou a se sentir zonzo, tinha pavor de cemitérios e sabia que havia algo de errado naquela casa, afinal, seu pai a comprou por um preço de banana.
       Marcelo, confuso e com medo de estar no meio ou dentro de um cemitério, abaixou a cortina, deitou-se na cama e cobrindo todo o rosto com o cobertor, decidiu que tinha que dormir logo e de uma vez por todas. Meia hora depois estava adormecido. Permaneceu assim por mais quatro horas, quando pulou da cama com o toque estridente do despertador. Eram sete horas, estava cansado, dormira pouco e tivera um sono agitado. Hoje seria seu dia de folga, mas havia prometido a mãe que levaria o irmão para a escola e organizaria os objetos da casa que ainda estavam em caixas, portanto, tinha mesmo que levantar.
       Durante o café, perguntou a mãe:
__ Vocês saíram alguma vez para olhar o quintal?
__ Demos uma olhada rápida, filho. Por que?
__ Estava olhando pela janela ontem e percebi que o terreno todo está repleto de túmulos, isso é um cemitério.
__ Não vai me dizer que está com medo disso? Aqui foi um cemitério, mas faz uns cinquenta anos que ninguém pisa aqui, foi abandonado junto com a casa. Seu pai disse que tentará se livrar de boa parte dos túmulos, mas não sei de que jeito. O importante é que agora temos uma casa e é o que nosso dinheiro pôde pagar.
__ Não concordo em morar em um cemitério. Essa casa devia ser do caseiro que olhava o cemitério. Adivinhei?
__ Adivinhou!
         Quando todos saíram, Marcelo quis inspecionar a casa. Desceu ao porão e começou a abrir as gavetas de um antigo armário de madeira. Quase desmaiou quando encontrou retratos de mais de cem anos, velas de várias cores, cruzes e um caderno totalmente amarelado. Abriu e leu a primeira página. Entendeu que era onde constavam os nomes dos mortos daquele lugar. Sentiu ânsia, frio na barriga, tontura e medo de estar sozinho e o pior, morando em um cemitério abandonado. Queria acreditar que tudo aquilo era uma piada, que estava sonhando ou que era fruto de sua imaginação. Mas o cheiro de morte daquele lugar não o deixava pensar em outra coisa. O próprio portão da casa era de cemitério, como não relacionou isso antes?
        Saiu correndo, queria ultrapassar aquele portão horroroso e sair daquele lugar o mais rápido possível mesmo que não soubesse nem tivesse para onde ir. Chegou ao portão, mas estava trancado. Voltou para casa para ver se sua mãe havia deixado a chave, mas as portas da casa também estavam trancadas, somente a portinha que acabara de sair do porão estava aberta e esta não levava para dentro de casa. Ficou aflito, desesperado e começou a gritar sem parar. Estava sozinho e preso entre centenas de túmulos. Em meio aos berros e suor, acordou, estava deitado em sua cama dentro de sua bela casa amena e sossegada, cercada por vizinhos gentis. Pegou o celular e olhou o calendário para saber que dia era e em que ano estava. O pesadelo parecia ter durado séculos. Era sexta feira 13.
Por: Miriã Pinheiro

História de Tereza

       Tereza estava deitada em seu quarto, pensando no que poderia fazer para ocupar seu tempo livre. Essa vida de dondoca não é nada fácil! Já tinha feito lindos bordados, já arrumara e enrolara os belos cabelos louros, já dobrara delicadamente seus lenços brancos de moça casta e também já havia feito seu costumeiro passeio a cavalo. No entanto, ainda eram três horas da tarde de terça feira. Tereza gostava de ficar trancada em seu quarto sonhando com o dia em que poderá ser livre. Não que ela não viva feliz na fazenda de seu pai, o reverenciado Coronel Adail Custódio, mas essa não era a vida que ela tanto almejava viver. Capricho de moça mimada? Talvez. Só sei dizer que Tereza tinha vontade de sair, usar vestidos menos compridos, fazer um penteado diferente ou até quem sabe colorir os cabelos. Morria de inveja quando ouvia falar de sua prima Dalila. Dalila era livre, do jeito que ela queria e merecia ser. Dalila tinha cabelos curtos, os quais já havia trocado de cor umas três vezes. Além disso, foi a primeira mulher da cidade de Belmont a usar calças compridas, iguais as dos homens. Todos criticavam os costumes de Dalila, menos Tereza, que se sentia cheia de coragem quando desabafava com a prima sobre sua vida tediosa e ouvia seus conselhos de moça da cidade. No entanto, Tereza logo desanimava quando olhava para o semblante sério do pai, sempre capaz de qualquer coisa para defender a honra da família. Ainda mais ela, que era a única filha moça e caçula, sendo os outros dois irmãos homens valentes e mais velhos. Tereza simplesmente se via sem esperança. Vivia a espera de um pretendente com quem pudesse casar e ir para a cidade, mas até agora nada! Mas, para falar a verdade, não era bem isso que Tereza queria, ela queria mesmo era ser livre. Tomou ''O primo Basílio'' nas mãos e começou a ler, afinal, isso era a sua única distração contra as horas que pareciam se arrastar, principalmente nos dias sem sol.
       Como tudo na vida passa, a longa terça feira de Tereza também passou e se foi no meio de tantas outras terças feiras tediosas que tivera em seus dezoito anos de vida. Sábado chegou e por coincidência, era véspera de natal. Tereza até tinha se esquecido disso, os dias para ela eram quase sempre iguais, só tinha percebido a diferença quando notou a correria de sua mãe ordenando as criadas para matar tal boi, tal porco, tal peru, fazer tal doce, tal arroz etc. Tereza até gostava um pouco de natal, principalmente quando se lembrou que Dalila viria junto com seus outros primos e seus tios. Mas dentre tantas pessoas, Tereza só se importava em conversar com Dalila.
       A noite chegou, todos os parentes e convidados já haviam chegado também. A ceia ocorreu como sempre: sua mãe falando para suas tias o quanto é difícil controlar aquela casa, pois não se fazem mais criados como antigamente. Seu pai exibindo sua valentia para os outros homens da família que pouca diferença tinham dele. Para Tereza eram todos homens barbudos, fedidos e estúpidos, por isso sempre dizia para si mesma que pensaria bem antes de casar, a não ser que fosse obrigada a casar com alguém igual a eles e sabia que esse seria o acontecimento mais provável se continuasse aceitando aquela vida. Tereza sabia que sua mãe não era feliz. Foi casada pelo pai, que escolheu o noivo. Ela dizia que com o tempo aprendeu a amar o Coronel, mas Tereza sabia que bem lá no fundinho ela gostaria de ter escolhido outro marido. Enfim, Tereza estava farta de ver mulheres infelizes, farta de não ter liberdade, de não ter o que fazer, de não poder ajudar as criadas, pois ''filha de coronel não nasceu para essas coisas'', farta de sua vida sem graça, monótona e vigiada pelos irmãos que não permitiam que ela fosse a cidade sem a companhia de um deles.
     Subitamente, Tereza sentiu um enjoo no mais profundo de sua alma aflita, levantou-se da mesa, no final da ceia e correu para o seu quarto cheia de vontade de chorar. Todos pararam para observar a atitude. Sua mãe interviu:
__ Não liguem muito para Tereza! Essa menina leva uma vida de rainha, mas parece nunca estar satisfeita. De uns dias para cá anda muito estranha, quase não conversa, parece que tem algum plano secreto e está com medo que alguém descubra.
     Tia Benta, mãe de Dalila disse:
__ Por que vocês não mandam Tereza para passar uns dias em nossa casa? Adoraríamos tê-la conosco, além de ser muito amiga de Dalila. Assim as duas se entendem e quem sabe ela não arruma um bom partido por lá e volta mais animada para a casa.
     O Coronel, que já estava quase rangendo os dentes por causa da conversa, disse em alto e em bom som:
__ Não é porque a filha da senhora é uma perdida que a minha deve ser também. Filha minha não passa dias na casa de parente nenhum, menos ainda na companhia de sua filha que tem se comportado como uma legítima mulher da vida!
__ Olhe lá como o senhor fala Coronel! Minha filha é independente. Tem só vinte e um anos e já é dona do maior salão de beleza de Belmont. Minha filha sabe o que é viver.
     Felizmente, Dalila não estava mais a mesa para ouvir a insensata conversa a seu respeito, tinha saído logo depois de Tereza, para o mesmo lugar que a mesma, para tentar consola-lá.
    As duas estavam no quarto, Tereza gritou:
__ Por favor, Dalila, me ajude! Eu quero sumir dessa gente, eu quero viver, tenho sede de liberdade. Não suporto mais essa vida medíocre. Eu queria ter a sua coragem. Você é feliz porque nunca conheceu seu pai e sua mãe sempre te ajudou a crescer na vida, já eu sou uma miserável fadada ao tédio e ao casamento forçado. Por favor, me ajude, me dê uma ideia.
__ Se acalme Tereza, vamos pensar em alguma coisa para você sair daqui. Eu sei que seu pai nunca te deixará ir morar em Belmont comigo, então temos que arrumar outra solução.
__ Mas qual, minha querida prima? Qual? __ Gritava Teresa com a voz entrecortada pelas lágrimas que jorravam violentamente de seus olhos azuis.
__ Tereza, arrume algumas roupas, mas não muita coisa que amanhã quando seu pai e seus irmãos tiverem saído e sua mãe tiver no rio supervisionando as criadas a lavar roupa, mandarei um amigo meu te buscar de carro. O nome dele é Angelo, você vai adorar. É um rapaz alto, bonito e muito engraçado.
__ E se alguém me ver na estrada ou me reconhecer na cidade? E se alguma criada ou minha mãe ouvir o barulho do carro? O que farei Dalila? Não vejo solução cabível para a minha vida.
__ Faça como falei. Espere até que todos estejam longe e ocupados. Arrume suas coisas e espere no meio do canavial. Ninguém anda por lá! Você sabe disso. Mas tenha coragem, não pule para trás, estou querendo te ajudar, pois é minha melhor amiga e prima.
__ Eu sei Dalila. Mas para onde irei quando vier me buscar?
__Deixarei que fique escondida na fazenda de Angelo. É bem longe daqui... E quando as coisas acalmarem e todos tiverem esquecido de seu desaparecimento, aí você será maior de idade e poderá viver livre, assim como eu.
__ Muito obrigada minha prima, não sei o que faria se não fosse você! Terei coragem e farei o impossível para ter felicidade nessa vida.
__ Vai valer a pena, querida Tereza. Acredite nisso.
    As duas se abraçaram. A ceia passou, todos foram embora, Tereza dormiu.
    No dia seguinte, conforme o combinado, aguardou ansiosamente até que todos os moradores da casa estivessem ocupados. Colocou algumas mudas de roupa e fez uma trouxa. Cobriu a cabeça com um pano negro, por segurança, caso alguém a visse de longe. Mas felizmente ninguém apareceu. Tereza foi para o meio do canavial e ficou surpresa ao ver que o carro de Angelo já estava ali.
     Angelo, era ainda mais bonito do que Dalila havia descrito. Tinha uma rosa entre os dedos. Cumprimentou-a sorrindo com belos dentes brancos:
__ Bom dia, a senhorita deve ser Tereza. Vim a pedido de Dalila e trouxe essa rosa para cumprimentá-la. A senhorita é bem mais bela do que Dalila me descreveu. Mas ande, vamos, entre no carro que no caminho conversaremos mais.
__ Obrigada. Você deve ser Angelo. Fico grata em conhecê-lo.
      Foram as palavras de Tereza enquanto estava entrando no carro, sentindo suas faces queimarem por estar a sós com um homem que não fosse seu pai ou um de seus irmãos.
    O carro foi seguindo e Tereza sempre calada. As vezes Angelo lhe perguntava algo, mas sempre com o maior respeito e gentileza, de um jeito que ela nunca vira seu pai falar com sua mãe.
    Foi um pouco mais de uma hora para chegar a fazenda que Angelo morava. Ao chegar, percebeu que Dalila já estava a esperando na porteira. Recebeu-a com um abraço apertado e mil elogios pela coragem e confiança. Tereza entrou  e foi bem recebida pelos pais e pela irmã de Angelo. Aquela gente parecia conhece-la há anos. Dona Joana e seu Alceu, pais de Angelo, mostraram seu quarto e ajudaram-na a arrumar suas coisas juntamente com Dalila. Tereza se sentia em casa!
    Por um momento ficou nervosa ao pensar que estava indo morar na casa de um homem, mas toda a gentileza da família acalmou sua timidez. Dalila foi embora cuidar de seu salão, dizendo que todos os dias viria visitá-la. E realmente cumpriu sua promessa.
     Doze anos se passaram desde aquele dia. Tereza e Angelo se casaram naquele mesmo ano. Hoje Tereza é mãe de Maria Cecília, nome que é de sua mãe. Maria Cecília passa a maior parte do tempo no salão, junto com Dalila. Tereza, hoje, tem os cabelos curtos e negros e o vestido quase não procura mais, prefere as calças compridas, principalmente quando esta ajudando Dalila a lavar os cabelos das clientes. Os pais de Tereza a veem de vez em quando, mas nunca falaram nada sobre a fuga, apenas cumprimentam e perguntam da vida, do marido e da filha.
    Hoje, Tereza é a mulher mais feliz do mundo!
Por: Miriã Pinheiro



quarta-feira, 11 de junho de 2014

Dia dos namorados

 Em plena véspera do dia 12 de junho me sinto no direito ou no dever de falar sobre o amor. O amor, que é o sentimento mais discutido nos quatro cantos do mundo. O amor, que ou nos eleva plenamente em uma felicidade infindável ou simplesmente nos decepciona da maneira mais drástica possível. O amor, repelido por alguns e procurado por muitos. O mesmo amor que possui várias definições mas somente um significado: essencial.  Enfim, amor é amor, seja ele platônico, não correspondido, ferido etc.
Eu, no início, considerava-me uma pessoa não muito feliz no amor, principalmente quando me comparava com as pessoas que conhecia que pareciam ter imensa facilidade com os relacionamentos amorosos. Eu sempre me senti um pouco tímida em relação ao amor, além de sempre fazer uma péssima escolha de pessoas para dedicar meus sentimentos. Foi então, quando já estava um pouco cansada, apareceu-me ele. Ele, que também é um pouco tímido, simplesmente me tratou da maneira que eu sempre esperei ser tratada. Não vou dizer que nosso namoro sempre andou as mil maravilhas e que tudo sempre foi um mar de rosas, muito pelo contrário, tivemos diversas decepções no começo da nossa história, mas com o tempo fomos nos adequando um ao outro até nos completarmos da melhor maneira possível.
Amar, assim como qualquer outra coisa da vida, nem sempre é fácil. Mas o tempo e o amor que dedicamos a pessoa que amamos é um investimento na nossa felicidade. Uma frase do famoso livro ''O pequeno príncipe'' de Saint Exupery é portador de um trecho que sempre me faz refletir:
''Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante.''
E realmente é isso o que acontece no amor, o tempo que dedicamos e o tempo que nos é dedicado é o que dá estrutura a um relacionamento. Namorar alguém que se ama é uma das melhores sensações que um ser humano pode experimentar, no entanto, um namoro de verdade não é feito apenas de beijos, abraços e carícias, como pensam os adolescentes. Por isso é necessário ter maturidade para amar. Não que exista uma idade correta para cultivar um relacionamento, mas a maturidade é um ingrediente indispensável na hora de utilizar o amor. Um namoro de verdade é aquele em que há amizade, carinho, amor e desejo. Na falta de algum desses itens, corre-se o risco de tudo ir por água abaixo. É importante namorar alguém que possamos ter a intimidade para conversar a qualquer hora e sobre qualquer assunto, alguém que aceite seus desabafos, aguente seu mal humor, suas gracinhas, seus momentos de depressão e seus ciúmes. Seria absurdamente sem graça namorar uma pessoa com quem não se tem assuntos para discutir, músicas interessantes para se compartilhar, filmes sérios ou bizarros para assistir, da mesma forma que seria chato namorar alguém com os melhores assuntos do mundo mas que não te tocasse, não te provocasse desejos ou não fosse carinhoso com você. O namoro é um pacote que deve ser completo e quanto menos falhas ele tiver, mais gostoso será!
 Eu posso dizer que estou muito apaixonada pela pessoa que a vida e Deus me presenteou. Posso dizer com convicção que ele é a minha escolha, apesar de tudo, eu escolho ser feliz ao lado dele e compartilhar toda a minha vida com ele. Nenhum beijo me faria mais feliz do que o dele, nenhum abraço me acolheria tão bem, nenhum sorriso me deixaria tão alegre, nenhum olhar me provocaria tanto carinho quanto o dele. Quando amamos de verdade, percebemos que a pessoa que escolhemos para estar conosco é incomparável com tudo o que já vimos antes, concluímos então, que ela é o resultado de todos os nossos sonhos.
Feliz dia dos namorados!
Por: Miriã Pinheiro





terça-feira, 10 de junho de 2014

Três canções para sonhar

Gosto de chamar de ''canções para sonhar'' aquelas que possuem efeitos totalmente harmônicos e belos perante os nossos ouvidos. Canções assim parecem ter sido feitas para serem escutadas momentos antes de pegar no sono, durante uma viagem gostosa ou simplesmente quando tivermos tempo de colocá-las nos fones de ouvido enquanto damos asas a nossa imaginação e aos sonhos que trazemos em nosso pensamento. Pensando em compartilhar um pouco da emoção que sinto ao ouvir canções que provocam esse tipo de sensação, selecionei três das minhas preferidas e tenho certeza de que elas saberão despertar emoções em quem tiver  vontade de compreende-las e apreciá-las para esses fins. Todos sabemos que músicas são transmitidoras de cargas emocionais de todos os tipos e são certeiramente capazes de nos provocar um determinado sentimento ou comportamento.
1-Silente Lucidity (Queensryche)



A primeira canção é a minha preferida quando o assunto é sonhos, introspecção, viagens emocionais e aquele leve acariciar na alma que todo ser humano que se preze procura encontrar nesse mundo. Essa música é perfeitamente harmônica em seus arranjos, melodias e vamos combinar de que a voz do vocalista da banda Queensryche é muito gostosa de se ouvir, combinando muito bem com tudo o que a música transmite. Quem tiver interesse, recomendo que leia a tradução da música para ver o quanto ela diz sobre sonhos.
2- Stay on these roads (A-ha)
A segunda música é tão boa e tão harmônica quanto a primeira. Aliás, a maioria das músicas que foram interpretadas pela banda A-ha possuem lindos efeitos e uma sensação incrível ao serem ouvidas por ouvidos que apreciem uma boa viagem no íntimo de seu ser. Sou suspeita ao falar dessa banda, pois tudo o que conheci deles até o dia de hoje só me fez perceber o quanto são talentosos e dignos de apreciação.
3- Forever Young (Alphaville)

 A terceira e última canção selecionada é bem mais conhecida e assim como as outras ela também possui efeitos que transmitem sensações muito agradáveis. Pode até parecer que seja meio ''carne de vaca'' para quem é mais velho e cansou de escutá-la no rádio, mas esta foi merecedora de todo o sucesso que foi capaz de obter. Assistir ao clipe, ler a letra e acima de tudo escutar com os ouvidos da alma é imprescindível na hora de ouvir essas e outras canções que lhe agradem.
É importante lembrar que apenas selecionei essas três músicas com o intuito de compartilhar as canções que mais me parecem lembrar o elemento ''sonho'', seja ele o que ocorre durante a noite ou aqueles que almejamos para a nossas vidas, afinal, as coisas importantes e necessárias merecem trilha sonora. Com certeza há infinitas músicas que assim como essas, transfere-nos emoções satisfatórias. Recomendaria que cada um escolhesse as que mais lhes faz bem e apreciasse para tonar a vida um pouco mais amena.
Por: Miriã Pinheiro

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Celular

Quem não tiver um, que atire a primeira pedra! Hoje em dia todos possuem celulares. E digo no plural, pois grande parte das pessoas possuem mais do que um aparelho. Há oito ou dez anos era difícil encontrar quem tinha celular, eram aparelhos gigantes, pesados e um pouco caros para manter, pois as operadoras não tinham essa infinidade de promoções que hoje estão mais do que disponíveis para todos. Depois, o acesso foi ficando mais fácil e os celulares foram diminuindo de tamanho, embora sua resistência nem se compare a fragilidade dos aparelhos atuais. Surgiram os famosos Nokia, Motorola e depois essas mesmas marcas foram evoluindo para os famosos celulares com flip (mais conhecidos como ''de abrir e fechar'') e o irresistível V3. Que mulher, moça ou menina nunca sonhou em ter um V3 cor de rosa ou pink? Eu sou a primeira a levantar a mão.
Bom, o importante é que esses aparelhos evoluíram gradativamente chegando aos dias atuais com funções incríveis, viciando ainda mais as pessoas que preferem ficar sem água do que sem celular. Antes, os celulares serviam mais para fazer ligações ou mandar torpedos, ninguém ficava o dia todo com eles nas mãos, já que não tinham nada de tão viciante. Agora, as coisas mudaram. Os celulares são capazes de fazer quase tudo o que a humanidade gosta de fazer, atraindo as atenções de todas as idades.
 Um dos lugares em que o uso do celular se torna mais efetivo e permanente é nas escolas. No entanto, o que é diversão para uns pode ser o martírio para outros. O uso de celulares e outros aparelhos do mesmo nível são proibidos dentro das instituições educacionais, mas alguém respeita? Não, mas deveriam. Adolescentes que mal sabem escrever seus próprios nomes, colocam o fone de ouvido e se acham no direito de escutar músicas dentro da sala de aula! Mais uma vez, o infeliz do professor é obrigado a despojar de suas verdadeiras funções para chamar a atenção ou fazer o mais correto: retirar o aparelho do discente descompromissado. Há casos em que os pais sentem-se revoltados com a atitude do docente, no entanto, não são eles quem são cobrados para manter a disciplina em sala de aula e dar um jeito de conseguir concluir seu objetivo: ensinar.
E o problema do celular não é apenas nas escolas. Já presenciei casos de pessoas que quase foram atropeladas na rua por estarem usando fones de ouvido ou simplesmente estarem com os olhos vidrados na tela de seu aparelho. E ainda tem mais: quantos relacionamentos não foram destruídos por essas e outras tecnologias que se tornam piores do que armas quando estão nas mãos de idiotas? Com certeza serão incontáveis os prejuízos do uso incorreto da tecnologia.
Enfim, o ser humano, por ser diferente dos outros animais e possuir o título de ''animal racional'', deveria aprender a usar os recursos disponíveis a seu favor e não para sua própria condenação. A tecnologia deve ser a solução e não a causa de mais problemas. Os pais deveriam proibir seus filhos de levar o celular para a escola, já que não possuem maturidade e discernimento para usar na hora adequada. Se cada um fizesse seu papel na sociedade, não seríamos dominados por nada. O celular não precisaria ser proibido nas escolas se os alunos soubessem a hora que poderiam usá-lo. As regras existem por culpa dos maus-procedimentos.
Por: Miriã Pinheiro 

terça-feira, 3 de junho de 2014

Releitura do poema Lisbon Revisited de Álvaro de Campos

NÃO: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com lavagens cerebrais!
A única lavagem é a que eu mesma faço.

Não me tragam falsos conceitos!
Não me falem em absurdas obediências!

Tirem-me daqui as falsidades!
Não me estabeleçam limites, não me apodreçam as ideias
Das frases que quero dizer (das frases, Deus meu, dessas frases!)  
Das frases, das ideias, dos sonhos que tenho cultivado!

Quem chamou vocês todos?

Se tem a verdade, guardem-na!

Sou pacífica, mas só mantenho essa calma quando acho necessário.
Fora disso sou indomável, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me perturbem mais, pelo amor de Deus!

Queriam-me igual, uma verdadeira cópia, sem graça e obediente?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa que eu quisesse?
Se eu fosse fraca, fazia-lhes, com maior prazer, a vontade.
Assim, varrida como sou, mantenham distância!
Vão para qualquer lugar sem mim, 
Ou me deixe ir para qualquer lugar sem vocês!
Para que havemos de andar juntos?

Não me deem tapinhas nas costas!
Não gosto que me deem tapinhas nas costas. Quero sinceridade.
Já disse que sou sincera!
Ah, que idiotice, quererem que eu seja cínica!

Ó lua alaranjada  a mesma que deve ter iluminado Sócrates e Platão  
Eterna beleza discutível e admirada!
Ó macias nuvens, brancas e imaginadas,
Pequenos enfeites que no céu aparecem!
Ó mágoa expressada, a mesma de ontem e hoje!
Em nada mais me prejudicais, nem me alegrais.

Deixem-me tranquila! Não aceitarei, pois eu nunca aceito...
E enquanto houver sol e vida, quero permanecer sincera!

Por: Miriã Pinheiro